Nogueira, Maria Alice. Bourdieu e a Educação. 2ed. Belo Horizonte: Auténtico, 2006, pp. 59-82.
RESUMO
O presente trabalho discute, através de pesquisa teórica e bibliográfica, de acordo com os autores como Bourdieu planejou suas análises críticas sobre as funções sociais e o funcionamento da instituição escolar. Tem como objetivo discutir sobre a questão da herança cultural familiar e como isso irá influenciar o aprendizado no ambiente escolar, pois segundo o autor cada indivíduo é caracterizado em termos de uma bagagem socialmente herdada. Para tanto do ponto de vista de Bourdieu, o capital cultural constitui o elemento da herança familiar que teria o maior impacto na definição do destino escolar na medida em que facilitaria a aprendizagem dos conteúdos e dos códigos que a escola veicula e sanciona. Os esquemas mentais, a relação com o saber, as referência culturais, os conhecimentos considerados legítimos e o domínio maior ou menor da língua culta, trazidos de casas por certas crianças, facilitariam o aprendizado escolar, possibilitando o desencadeamento de relações íntimas entre o mundo familiar e a cultura escolar. A educação escolar, no caso das crianças vindas de meios culturalmente favorecidos, seria uma espécie de continuação da educação familiar, enquanto para as outras crianças significaria algo estranho, distante, ou mesmo, ameaçador. Em decorrência dessa realidade a pesquisa se fundamenta no enfoque critico, com abordagem qualitativa. Bourdieu observa que a avaliação escolar vai muito além de simples verificação das aprendizagens, incluindo verdadeiro julgamento cultural, estético e, até mesmo, moral dos alunos. É importante perceber, que a escola por muitas vezes cobra dos alunos que eles sejam naturalmente dotados de uma postura elegante no modo de falar, de se comportar e de escrever. Cumprindo assim, regras de uma “boa educação”, mas essas exigências acabam beneficiando os membros das classes dominantes que antes, já tinham recebido essas instruções na família e os alunos das classes populares são desprivilegiados, pois não possuem um conhecimento mais amplo da cultura exigida. Bourdieu declara que os benefícios e aproveitamento escolar serão adquiridos por quem tem em seu poder o comando do capital econômico. As frações dominadas da sociedade seriam favoráveis a um investimento escolar mais intensivo, visando assim, o acesso às carreiras mais longas e prestigiosas do sistema de ensino. Por outro lado, as frações dominantes visam buscar na escola, principalmente, uma certificação que legitimaria o acesso às posições de comando já garantidas pela posse de capital econômico.
Palavras-Chaves: Herança cultural familiar. Capital cultural. Aprendizado escolar. Cultura escolar. Capital econômico.
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